Na época em que as crianças costumavam brincar nas ruas, o bom e velho carrinho de rolimã garantia horas e horas de diversão. Bastavam, basicamente, uma chapa e eixos de madeira, alguns parafusos e dois pares de rolamentos, iguais aos que são usados nos automóveis. Enquanto ficavam expostos no antigo brinquedo, os rolamentos estão bem escondidos nos carros de gente grande, alojados nas extremidades dos eixos para fazer as rodas girarem livremente. E é justamente por isso que muita gente se esquece de que eles existem e de que precisam de manutenção periódica.
“Na média, a peça dura 70 mil quilômetros. Os rolamentos cônicos, geralmente instalados aos pares no eixo traseiro, devem ser verificados a cada 20 mil quilômetros”, comenta Alexandre Luís Santana, técnico em reposição automotiva da SKF do Brasil, fabricante desse tipo de componente. O profissional explica que, como são montados aos pares, esses rolamentos precisam ser ajustados e lubrificados (com graxa específica) para não perder sua eficiência.
O eixo traseiro também pode contar, dependendo do modelo, com um conjunto que reúne rolamentos com cubos integrados, onde as rodas são montadas diretamente. Sua manutenção preventiva também deve ocorrer a cada 20 mil quilômetros. A diferença desse conjunto para o rolamento cônico, segundo Santana, é que sua montagem é mais fácil de ser feita e sua durabilidade média fica por volta dos 100 mil quilômetros.
Já o rolamento duplo de esferas, geralmente montado na dianteira, não precisa de manutenção. A única preocupação, nesse caso, é que o reparador saiba instalá-lo adequadamente. “Isso é importante porque esse tipo de peça não pode ser reaproveitado depois de retirado do eixo. Aliás, o bom reparador também sabe avaliar se a peça está desgastada sem retirá-la do eixo”, comenta Santana – para isso, o mecânico suspende o veículo e verifica como a roda se comporta ao ser girada manualmente.
Problemas
O sintoma clássico que indica que um ou mais rolamentos não vão bem é aquele ruído típico de atrito entre peças metálicas, vindo da região das rodas. Com o tempo, o barulho desagradável aumenta e, se o dono do veículo preferir ignorar o problema, a inevitável quebra da peça trava o movimento da roda, o que pode, obviamente, causar graves acidentes.
Outra orientação importante do técnico em reposição vai para modelos antigos, ainda comuns em algumas regiões do País. Para carros da antiga linha Volkswagen com motor a ar, por exemplo, as pontas de eixo das rodas traseiras devem ser trocadas quando apresentarem desgaste. Quando estão em mau estado, essas peças podem diminuir a durabilidade dos rolamentos para apenas três ou quatro mil quilômetros.
Outros fatores também podem abreviar bastante a durabilidade do componente, independente da época em que o veículo foi fabricado. Transitar frequentemente com excesso de carga é um deles, mas a peça também sofre quando o carro está equipado com rodas e/ou pneus com medidas muito diferentes das originais. Os impactos que pneus e rodas sofrem ao passar por tantas imperfeições no asfalto também podem danificar a peça.
Por outro lado, é preciso ter atenção antes de condenar esse componente. “Defeitos como bolhas em um dos pneus podem iludir o dono do veículo, que pode pensar que o rolamento está desgastado. Por isso, é importante consultar um bom reparador, evitando, dessa forma, gastos desnecessários com a troca de uma peça que está em ordem.” O especialista lembra que o componente não causa desconforto de rodagem nem mesmo quando seu corpo rolante começa a descascar, o que é um sinal normal de desgaste.
Simples e barato
De concepção simples, o rolamento duplo de esferas é feito de corpos rolantes, separador (gaiola) e anéis internos e externos. Já o cônico reúne rolos cônicos, separador e capa. Tradicionalmente, o aço forjado é o material que predomina na construção da peça, mas já há opções mais modernas, segundo Santana, que utilizam também alumínio em parte de sua construção.
O custo da peça não costuma ser alto. De acordo com o técnico em reposição, o preço médio do kit de rolamento cônico, que traz um par da peça mais graxa, retentor e contrapino, é de R$ 50. “É barato, mas é importante também comprar a peça em locais idôneos, para evitar falsificações, e contar com os serviços de um reparador de qualidade.”
FONTE: REVISTA AUTO ESPORT
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