Primeiro, para ter um motor verdadeiramente 1.6 (1555 cm³, cilindrada original do CHt/AE 1.6), é necessário a troca de praticamente todo o miolo do motor, que seria:
- Kit de pistões e camisas do 1.6, diâmetros diferentes do kit para 1.0
- Virabrequim do 1.6, curso diferente do virabrequim do 1.0
- Bielas do 1.6, comprimento diferente das bielas do 1.0
- Cabeçote do 1.6, maior fluxo
Apesar da diferença de fluxo do cabeçote de 1.6 (maior), se pode manter o cabeçote do 1.0 sem grandes problemas. E, é bom saber que o câmbio do 1.0 é muito curto pra um motor 1.6, de modo que você teria um carro estúpido no desempenho, mas beberrão, gostoso pra brincar de uma lombada na outra apenas. Desse modo, do 1.0 original aproveitaria-se praticamente só o bloco, e fica evidente como essa conversão para 1.6 "de verdade" sairia um pouco cara, devido à compra de quase todas as peças do motor e mais o câmbio.
O que o povo mais costuma fazer é, na hora da retífica, trocar apenas o kit de pistões e camisas pelos do 1.6, mantendo bielas e virabrequim de 1.0, obtendo-se assim um motor 1.2 mais ou menos. Se for um carro carburado (Gols quadrados e Escorts Hobby), fica bom e o ajuste é bem simples. O carro fica mais "torcudinho" e esperto, ao custo de um consumo pouca coisa maior.
O problema são os CHT/AE 1.0 injetados, os Gols bola 95 e 96. Nestes essa conversão causa dores de cabeça consideráveis, pois a injeção não casa mais com a nova configuração do motor, e ela não é fácil de ajustar como um carburador. Surgem os mais diversos problemas de funcionamento, fazendo muita gente desanimar. Vejo muitos erros cometidos nesses casos. Colocar bico de 1.6 não adianta, pois o motor não é 1.6, é 1.2... o correto seria colocar um bico de 1.2 (não existe) ou de algum carro 1.3 (esse existe) ou aumentar a pressão do bico de 1.0.
Ainda assim, mesmo que o motor ficasse 1.6 com bico de 1.6, a central de injeção ainda porta a configuração de 1.0, e aí que residem todos os problemas. Seria preciso remapeá-la para a nova condição do motor, (1.2 ou 1.6) ou trocar a centralina por alguma outra adequada à nova condição do motor. A correspondência mais próxima seria a injeção mono-ponto do Renault 19, veículo cujo motor é, na prática, um CHT/AE 1.6 injetado. Ou partir pra módulos programáveis, como Megasquirt, Fuelltech e Pandoo, dentre outras. mais custo e mais complicação, por causa de um "desempenhozinho" duvidoso de 200 cc a mais... Por isso é bom ponderar até que ponto vale a pena fazer essa conversão, principalmente se o carro for com injeção "burra" mono-ponto.
Há a opção de inutilizar a injeção original do motor CHT/AE 1.0 e meter um carburador no novo motor convertido, por ser barato e facílimo de ajustar comparado à injeção original. Mas duvido que a maioria simpatizasse com a ideia.
Resolvi postar essas informações aqui, pra ajudar aqueles que porventura vierem a querer se aventurar nessa conversão de motor CHT/AE 1.0 para outras cilindradas, para que possam avaliar com embasamento os procedimentos a fazer, avaliar se vai valer a pena, e evitar os erros mais comuns em cada caso.
FONTE: Extraído....
Nossa, que blog fantástico! Já havia visitado outro blog sobre o Gol Bola CHT, mas não era tão organizado e cheio de conteúdo como este. Você está de parabéns pela iniciativa e pelo belo trabalho! E este artigo sobre a lendária ( e ilusória) conversão de CHT 1.0 em 1.6 está impecável também, objetivo e completo. Queria acrescentar um detalhe que considero importantíssimo para enriquecer o texto: o detalhe de combustível, álcool ou gasolina. Muitos donos de CHT 1.0 são induzidos a erro nessas oficinas "boca-de-porco" não só na conversão de cilindrada, que sem a troca do miolo todo do motor nunca fica 1.6 de verdade, mas também na conversão de combustível, que pode se transformar num inferno também principalmente nos injetados. Se existirem, devem ser pouquissimos os CHT 1.0 carburados originais a álcool, (principalmente Escorts Hobby e Gols quadrados), pois essa época era o inferno astral do álcool no mercado e fabricava-se quase nada de carros a álcool de fábrica. Já os injetados, os Gols bola 95 e 96, só saíram a gasolina, e tentar convertê-los pra álcool mantendo-os injetados é uma péssima idéia. Nos CHT carburados a gasolina, a conversão para álcool até é possível se for feita direito, usando kit de pistões, cabeçote e carburador próprios para álcool, além de coletor aquecido. Ajuste fácil. Nos injetados é quase impossível se obter um bom resultado com álcool mantendo-os injetados sem gastar muito, ao ponto de não valer a pena, sendo melhor mantê-los a gasolina.
ResponderExcluirMuito obrigado pelas considerações. e desculpas em demorar para responder, tive alguns contra-tempos aqui. Mas realmente o da criar o blog surgiu devido a falta de informações sobre o assunto. Em relação a conversão vou procurar adaptar um trecho sobre este assunto também. Mais uma vez obrigado e seja sempre bem vindo! Abraço!!
Excluircara muito completo as informações,muito fáceis de intender valeu
ResponderExcluirObrigado pelas considerações, seja sempre bem vindo. Abraço!!
ExcluirEu comprei um gol g2 ano 96 CHT 1.0 com uma adaptação de 1.6 nele o motor é carburador ( meu amigo falou que pode te trocado as camisas e aumentado o diâmetro do pistão e modifica o cabeçote ) gostaria de saber se tem algum problema esse tipo de adaptação ???
ResponderExcluirBoa tarde, ASSOLAN. Teoricamente não haveria problema com essa adaptação, o que pode ocorrer é uma perda de potencia na velocidade final, pois o cambio continua sendo de 1.0. No mais é tranquilo essa mudança. Teria mais arrancadas. Obrigado pelo comentário.
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